Se você conheceu uma pessoa com deficiência (PcD) e se surpreendeu com a habilidade dela em executar uma tarefa ou se referiu a ela como “especial”, talvez nem tenha percebido, mas agiu de forma capacitista. Mesmo que com boas intenções, o uso de alguns termos provoca incômodo e atrapalha uma convivência inclusiva.
Esse tipo de comportamento faz parte de um conjunto de práticas e atitudes enraizadas na cultura da nossa sociedade que desvalorizam e limitam o potencial das pessoas com deficiência. Limitando a pessoa com deficiência à sua condição.
O capacitismo é uma das diversas barreiras sociais que nos afastam de uma sociedade inclusiva. As repercussões disso são significativas, uma vez que 45 milhões de brasileiros – quase 24% da população –, possuem algum tipo de deficiência, segundo o IBGE.
Comunicação é um dos pilares da convivência inclusiva
A palavra pertence a uma língua, a língua pertence a um povo e este povo tem uma história cultural. É por isso que nosso vocabulário carrega marcas que não se apagam facilmente e que se refletem em nossos costumes e falas.
Felizmente, nos últimos anos, temos nos conscientizado sobre expressões preconceituosas que são usadas no dia a dia. Além dessas, também há uma série de expressões capacitistas que gostaríamos de convidar você a refletir sobre a possibilidade de remover do seu vocabulário.
- Não use palavras que se refiram a deficiências e condições de forma que perpetuem o capacitismo. “Preso à cadeira de rodas”, por exemplo, implica que a cadeira de rodas é uma contenção, ao invés de um veículo. “Usuário de cadeira de rodas” é mais preciso, igualmente eficaz e não tem uma conotação capacitista;
- Evite termos que apresentam a deficiência como uma tragédia e/ou evoquem pena. Por exemplo, não se refira a alguém como “vítima de” ou “afligido por” uma deficiência;
- Não diga que alguém tem “necessidades especiais” por conta da sua deficiência. A pessoa com deficiência pode ter necessidades específicas, mas isso não significa que ela não é capaz de viver plenamente em sociedade;
- Expressões nocivas, como “retardado”, “débil mental”, “inválido”, sustentam estigmas e associam uma conotação negativa às deficiências, especialmente as intelectuais;
- Da mesma forma, o uso de termos como “louco” ou “insano”, como adjetivos para descrever a personalidade ou as ações de uma pessoa, perpetua representações negativas de pessoas com transtornos mentais.
Expanda seu vocabulário para encontrar expressões inclusivas. Com responsabilidade e consciência, podemos sustentar uma convivência mais diversa.
Dicas para uma convivência inclusiva
Além de repensar expressões que reforçam o capacitismo, existem algumas atitudes que você pode adotar para promover uma convivência mais inclusiva:
- Evite perguntar sobre seu corpo, prótese, cadeira de rodas, aparelho auditivo, cão-guia, muletas, etc — a não ser que você tenha a devida intimidade para isso. Esse comportamento pode ser intrusivo e fazer com que alguém se sinta desconfortável ou desvalorizado;
- Respeite os espaços e objetos reservados ao uso de pessoas com deficiência, como vagas de estacionamento, banheiros para pessoas com deficiência ou assentos nos transportes públicos;
- Tome cuidado para não infantilizar as pessoas com deficiência. Não se refira a ela como alguém que tem um desenvolvimento cognitivo menor do que o seu;
- Não coloque diferentes deficiências em uma hierarquia de “gravidade” ou valor relativo. Um dos principais exemplos disso é a crença de que a deficiência física não é tão grave quanto alguma condição mental, mas a realidade é que cada um vive com seus próprios desafios, sendo uma pessoa com deficiência ou não;
- evite associar estereótipos específicos a condições particulares, como achar que as pessoas com Síndrome de Down são ingênuas ou que as pessoas autistas são frias e sem tato;
- permita que as pessoas com deficiência expressem e vivenciam comportamentos, experiências e hábitos adultos, como beber, namorar ou ter filhos. Esperar que as pessoas com deficiência sejam ingênuas e “puras” também é uma forma de capacitismo.;
- Ao se comunicar com alguém surdo, tente usar expressões faciais e fazer gestos. Isso ajuda a compreender as sutilezas da comunicação, como sarcasmos, ironias e figuras de linguagem;
- Não suponha que toda pessoa com deficiência precisa de ajuda. Pergunte antes de tentar ajudar uma pessoa cega a atravessar a rua ou empurrar alguém em uma cadeira de rodas. A autonomia sempre deve ser respeitada.
Empatia é a chave para a diversidade e inclusão
Muitas vezes, a diversidade e a inclusão são confundidas com ações afirmativas. Embora relacionadas, essas ações são orientadas por políticas. A diversidade em si vai além. É um compromisso com a igualdade, o respeito, a inclusão e a acessibilidade.
Assim, é impossível pensar em diversidade sem pensar em autenticidade. A convivência inclusiva é aquela que acolhe todas as individualidades. Por isso, um dos pontos mais importantes dessa luta é garantir que as pessoas com deficiência estejam à mesa onde as decisões estão sendo tomadas.
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